segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Fina estampa

Estou desconfiado de que sou um gato. É o que todos falam a meu respeito. Mas, repare: entendo isso não como substantivo, mas como adjetivo. Prova disso foi minha estreia na clínica veterinária. Pleno sábado de feriado, meu pai inventou de me levar para a dra.Vivi, nossa vizinha aqui na praça. Tudo bem que no caminho fui sacolejando dentro de uma bolsa e miando (berrando mesmo) igual a um condenado caminhando para a forca. Pura dramatização para chamar a atenção. No pequeno trajeto, paramos na dona Gilda, lá na barbearia e tabacaria. Ela só foi elogios para mim. Como ela sabe agradar... Já nas mãos delicadas da doutora do Totó & Bichano, mais carinhos. Foi aí que ela me pegou de jeito e enfiou um comprimido em forma de peixinho goela abaixo. Resmunguei, pulei, mas não teve jeito. As mãos carinhosas tornaram-se firmes repentinamente e seguraram minha pequena mandíbula de tal forma que acabei engolindo o tal do vermífugo (pior que ainda vou ter de repetir a dose mais vezes). Para completar, se já não bastasse essa tortura, ela ainda pegou a tesoura e cortou minhas lindas unhas. Que ódio! Um felino sem garra é pior que meu pai sem óculos. Para compensar, depois de todo esse tormento ganhei mais paparicos, uma coleirinha e uma gravatinha vermelha (que eu quase detonei quando cheguei em casa). Na saída, meu pai inventou de comprar xampu. Não sou oráculo, mas já vi que vem banho pela frente. Ai minha Nossa Senhora das Angústias ... Dai-me paciência e a ração nossa de cada dia. E me leva para Granada antes da ducha. Amém!
   

Um comentário:

  1. Odorico, vou mandar um texto para o seu pai, com dicas de como dar um comprimido para os gatos... ahahhaha. Digo eu que já fui dona de muitos gatos, que não é tarefa fácil! ronron para você!

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