sexta-feira, 18 de março de 2011

Afilhado aloprado

Cada vez mais eu me convenço de que sou um afilhado muito aloprado – para nao recorrer a outro adjetivo. Foi só a minha madrinha, a Letícia Roxa, aparecer em casa com o padrinho, o Black Total, para que eu demonstrasse tudo que não aprendi nos anos de colégio interno na Suíça. Nem os os olhares cáusticos de meu pai adiantaram. Deitei e rolei, literalmente. Para começar, tomei posse da bolsa da madrinha. Enfiei a cara e comecei a mexer em tudo, espalhando o que achava pelo balcão da cozinha. Não satisfeito, empurrei tudo para o chão. Foi aí que a dinda, já levemente alegrinha pelas doses de vodka, se acomodou ao meu lado. Adorei afiar meus caninos na pele de porcelana dela. Pena que as garras estavam aparadas (já que meu pai insiste em cortar). Aliás, alguém aí pode me fazer o favor de avisar a ele que eu sou felino e não um bibelô peludo de estimação? Ai, santa Genoveva, a gloriosa padroeira de Paris, dai-me finesse e paciência.

terça-feira, 1 de março de 2011

Vingança da pasta de dente

Gente, não é por nada, não. Se eu achava que meu pai era maluco, agora tenho plena certeza e ainda estou abalado, escondido pelos cantos da casa. Vejam comigo e ponderem. Como diz uma antiga canção, ele faz tudo sempre igual, chega da rua, abre a porta e me carrega no colo. Aí, agradecido e educado que sou, retribuo com meu focinho gelado no nariz dele. Até aqui, tudo normal. O problema é que ontem eu havia passado o dia todo dormindo e, ao bocejar, exalei mau hálito. Foi o suficiente para o doido pegar um punhadinho de pasta de dente e passar na minha língua. Se eu me assustei com o gosto medonho e comecei a espumar mais do que sabão em pó, ele me catou no colo e me enfiou dentro da pia para lavar a minha boca e garganta.  Corri que nem um desembestado e me escondi debaixo da estante. Mas nada como uma boa vingancinha. Mal ele abriu a porta do terraço enfiou, literalmente, o pé na titica. Parecia que estava andando de skate com a minha caixinha de areia. Foi parar estatelado no meio da poça d'água e todo sujo de areia sanitária e titica. Adorei! Assisti a esse show de camarote, no aconchego da estante. É o que dá usar pasta de dente na gente.